terça-feira, 12 de abril de 2011

PRODUZINDO A FÁBULA

Assim como Millôr Fernandes, recrie ou crie uma nova fábula. Abaixo, há mais um exemplo de fábula para você se situar.

O sapo e o boi
Há muito, muito tempo existiu um boi imponente. Um dia o boi estava dando seu passeio da tarde quando um pobre sapo todo mal vestido olhou para ele e ficou maravilhado. Cheio de inveja daquele boi que parecia o dono do mundo, o sapo chamou os amigos.
– Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa; se eu quisesse também era.
Dizendo isso o sapo começou a estufar a barriga e em pouco tempo já estava com o dobro do seu tamanho normal.
 Já estou grande que nem ele? – perguntou aos outros sapos.
 Não, ainda está longe!- responderam os amigos.
O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.
 Não – disseram de novo os outros sapos -, e é melhor você parar com isso porque senão vai acabar se machucando.
Mas era tanta vontade do sapo de imitar o boi que ele continuou se estufando, estufando, estufando – até estourar.
Moral: Seja sempre você mesmo.


Siga estas instruções:

  1. Os personagens podem ser os mesmos na sua história, ou podem mudar, você escolhe. Os fabulistas normalmente escolhem animais como personagens porque eles apresentam certas características humanas. A formiga, por exemplo, é trabalhadeira, organizada; a raposa esperta, inteligente; o cão fiel, amigo, protetor; a cobra, astuta, perigosa; o corvo agourento; o leão vaidoso; o cordeiro ingênuo, inocente.

  1. Caracterize os personagens de forma simples: astuto, frágil, inteligente, lento, forte, perigoso, feroz, desconfiado, esperto, traiçoeiro, etc.


  1. Lembre-se que a fábula é uma narrativa curta. Se quiser, pode fazer em forma de diálogo. A linguagem empregada deve ser de acordo com a variedade padrão da língua.

  1. Como na fábula tempo e lugar são imprecisos, procure iniciar seu texto de maneira direta, isto é, com os personagens em plena ação. Lembre-se de que sua história deve transmitir um ensinamento.


  1. No final, escreva a moral da história, adaptada à nova situação, e dê um título à sua fábula. Para isso, você pode utilizar PROVÉRBIOS (frase de origem popular que, de maneira bastante resumida, expressa uma verdade para um determinado número de pessoas). Eis alguns provérbios:

- O que os olhos não veem o coração não sente.
- Quem ama o feio, bonito lhe parece.
- O seguro morreu de velho.
- A gentileza é mais poderosa do que a força.
- O rio aumenta é com água suja.
- Saber não ocupa lugar.
- Filho de peixe, peixinho é.

Leia, a seguir, outros provérbios e a sua “atualização”:
- Quem fala muito dá bom dia a cavalo.
  Quem é educado dá bom dia a pé e a cavalo.
- A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
  A corda sempre arrebenta do lado do contribuinte.
- Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
  Precavida, já não confere ferro para não ser ferida.
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
  Quem dá aos pobres diz adeus.
- Errar é humano, admitir o erro é divino.
  Errar é humano, persistir no erro é burrice.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

FÁBULA

- Você já ouviu falar em contos e fábulas?
- Já leu algum deles?
- Lembra das características?
- Que tipo de texto é o conto e a fábula?

As narrativas ficcionais sempre seduziram leitores de todas as épocas e lugares. No mundo contemporâneo, muitos leitores apreciam as narrativas curtas, que focalizam um único conflito e apresentam a sua solução em um breve espaço de tempo. Essas narrativas são conhecidas como CONTOS.

A FÁBULA é um gênero narrativo ficcional bastante popular e existe há mais ou menos 2800 anos, Embora muito antigas, continuam a ser contadas e lidas, porque ensinam, alertam sobre algo que pode acontecer na vida real, criticam comportamentos humanos, ironizam os homens. 


ELEMENTOS DA NARRATIVA

P= PERSONAGENS
E= ESPAÇO
N= NARRADOR
T= TEMPO
E= ENREDO

Agora, vamos ler os próximos textos e identificar o PENTE neles:


Irmãos – Luiz Fernando Veríssimo

_ De vez em quando eu penso neles... 
_ Quem? 
_ Nos espermatozoides... 
_ De vez em quando você pensa em seus espermatozoides? 
_ Nos meus, não. Nos do meu pai. 
_ Você está bêbado. 
_ Na noite em que fui concebido... suponho que tenha sido uma noite... eu era um entre milhões de espermatozoides. Mas só eu cheguei ao óvulo da mamãe. Ou seria bilhões? 
_ Acho que é óvulo mesmo. 
_ Não. Os espermatozoides. São milhões ou bilhões? 
_ Ahn...Não sei. 
_ Não importa. Milhões, bilhões. Só eu me criei, entende? Por acaso. Isso é mais assombroso. A gratuidade da coisa. Havia milhões, bilhões de espermatozoides junto comigo e só eu, entende?, só eu fecundei o óvulo. Não é assombroso? 
_ É. 
_ Você acha mesmo? 
_ Acho. 
_ Podia ser qualquer um, mas fui eu. Por acaso. 
_ Amendoim? 
_ Hein? Obrigado. Agora, me diga. Por que eu? A gratuidade da coisa. Só eu fecundei o óvulo, virei feto, nasci, me criei e estou aqui, neste bar, de gravata, bebendo. Agora me diga, o que é isso? 
_ É como você diz. A gratuidade da coisa. 
_ Não, não. Isso que estou bebendo. 
_ É, ahn, uísque. 
_ Uísque. Pois então. Aí está. 
_ Ó Moacyr, vê outro aqui. O rapaz está precisando. 
_ Um brinde! 
_ Um brinde. 
_ A eles! 
_ Quem? 
_ Aos espermatozoides que não chegaram ao óvulo da mamãe. Aos companheiros. Aos bravos que cumpriram sua missão e não vieram para comemorar. Aos que perderam a viagem. Aos meus irmãos! 
_ Aos meus irmãos! 
_ Meus irmãos. Você não estava lá. 
_ Aos seus irmãos! 
_ Aos milhões, bilhões que se sacrificaram para que eu pudesse viver. 
_ Salve. 
_ Agora me diga uma coisa. 
_ Duas. Digo duas. 
_ Cada espermatozoide é uma pessoa diferente, certo? Quer dizer. Em outras palavras. Se outro espermatozoide tivesse completado a viagem, não seria eu aqui. Ou seria? 
_ Depende. 
_ Não seria. Seria outra pessoa. Outro nariz, outras ideias. Talvez até torcesse pelo América. Uma mulher! Podia ser uma mulher. Certo? 
_ Não vamos exagerar... 
_ Então, imagina o seguinte. Pense bem. Amendoim. 
_ Amendoim. Estou pensando nele. Amendoim. 
_ Não. Me passe o amendoim e pense no seguinte. Se entre os espermatozoides que me acompanharam, e que não chegara ao óvulo, estava o cara que ia descobrir a cura do câncer? Hein? Hein? 
_ Certo. 
_ Mas, em vez dele, eu é que cheguei. Por acaso. Ou podia ser uma mulher. Uma soprano de fama internacional. Em vez disso, deu eu. Veja a minha responsabilidade. 
_ Acho que você está sendo radical. 
_ Não. Imagine se em vez do espermatozoide que se transformou no Jânio Quadros, tivesse dado outro. A história do Brasil seria completamente diferente! É ou não é? 
_ Mais ou menos. 
_ Pois então. Eu me sinto culpado, entende? Acho que eu devia, sei lá. Ter feito mais da minha vida. Em honra a eles. Eu estou representando milhões, bilhões de espermatozoides, cada um uma pessoa em potencial. E o que é que eu fiz da minha vida? 
_ E se fosse um bandido? 
_ Como? 
_ Se, em vez de você, o espermatozoide que tivesse dado certo fosse um assassino, um mau-caráter. Não quero falar dos espermatozoides do seu pai, mas num grupo de milhões sempre tem uma ovelha estragada. Uma maçã negra. Estatisticamente. 
_ Você acha mesmo? 
_ Acho. 
_ Sei lá. 
_ E outra coisa. O que passou, passou. Não pense mais nisso. 
_ Mas eu penso. De vez em quando eu penso. Os meus irmãos que não nasceram. Que nomes eles teriam? Eduardo, Gilson, Amaury, Jéssica... 
_ Marco Antônio... 
_ Marco Antônio... Imagine, um deles podia ser o ponta-direita que o Brasil precisava em 74. Eu me sinto culpado. Você não se sente culpado?
_ Bom, eu tenho 11 irmãos. 
_ Aí é diferente. 
_ Por quê? 
_ Não sei. Só sei que entre milhões, bilhões de espermatozoides, todos com os mesmos direitos, só eu me criei. Por acaso. Agora me diga, o que é isso? 
_ É uísque. 
_ Não. É a gratuidade da coisa. 
_ Não sei... 
_ Você está bêbado.


A GANSA DOS OVOS DE OURO

Um homem e sua mulher tinham a sorte de possuir uma gansa que todo dia punha ovo de ouro. Mesmo com toda essa sorte, eles acharam que estavam enriquecendo muito devagar, que assim não dava. Imaginando que a gansa devia ser de ouro por dentro, resolveram matá-la e pegar aquela fortuna toda de uma vez. Só que, quando abriram a barriga da gansa, viram que por dentro ela era igualzinha a todas as outras. Foi assim que os dois não ficaram ricos de uma vez só, como tinham imaginado, nem puderam continuar recebendo o ovo de ouro que todos os dias aumentava um pouquinho sua fortuna.
Moral: Não tente forçar demais a sorte.

 (Fábulas de Esopo. Compilação de Russell Ash e Bernard Higton. Trad. Heloísa John. São Paulo: Companhia das letrinhas,1994,p.78.)

A estrutura da fábula tem servido a muitas versões e reescrituras, muitas delas com intenção humorística. A seguir, você vai ler a fábula de Millôr Fernandes, escritor e cartunista brasileiro contemporâneo.


A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Era uma vez um homem que tinha uma Galinha. Subitamente, em dia inesperado, a Galinha pôs um ovo de ouro. Ouro! Outro dia, outro ovo. Outro ovo de ouro! O homem mal podia dormir. Esperava todas as manhãs pelo ovo de ouro – clara, gema, casca, tudo de ouro!- que o tirava da miséria aos poucos, e aos poucos o ia guindando ao milionarismo. O fato que, antigamente, poderia passar despercebido, na data de hoje atraía verdadeiras multidões. E não só multidões. Rádios, jornais, televisão, tudo entrevistava o homem, pedindo-lhe impressões, querendo saber detalhes de como acontecera o espantoso acontecimento. E a Galinha, também, ia dando aqui e ali seus shows diante dos jornais, câmaras, microfones. Certa vez até, num esforço de reportagem, conseguiu pôr um ovo diante da câmara da TV Tupi. Porém o tempo passou e muito antes que o homem conseguisse ficar rico, a Galinha deixou de botar ovos de ouro. Desesperado, o homem foi ocultando o fato, até que, certo dia, não se contendo mais abriu a galinha para apanhar os ovos que ela tivesse lá dentro. Para sua decepção não havia mais nenhum.
Então o homem – espírito moderno – resolveu explorar o nome que lhe ficara do acontecimento e abriu um enorme restaurante, com o sugestivo nome de Aos Ovos de Ouro. E isso lhe deu muito mais dinheiro do que a Galinha propriamente dita.

Moral: Cria galinha e deita-te no ninho. (Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas.12.ed.Rio de Janeiro:Nórdica,1991.p.91-2.)

domingo, 10 de abril de 2011

ATIVIDADES SOBRE GÍRIAS E VARIEDADES LINGUÍSTICAS

GÍRIA

A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada por um grupo social, como o dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, o dos surfistas, dos skatistas, dos grafiteiros, dos bikers, etc.
ATIVIDADES

Clique no Link abaixo e observe a charge que vai aparecer  para resolver a próxima questão:

Observação: Caso não consiga clicando no link abaixo,  vá até os "Links Interessantes" no  Blog e tente por lá. OK?



ENEM 2010 - As diferentes esferas sociais do uso da língua obrigam o falante a adaptá-la às variadas situações de comunicação. Uma das marcas lingüísticas que configuram a linguagem oral informal usada entre avô e neto neste texto é
a)      Opção pelo emprego da  forma verbal  “era” em lugar de “foi”.
b)      A ausência do artigo antes da palavra “árvore”.
c)      O emprego da redução “ta” em lugar da forma verbal “está”.
d)     O uso da contração “desse” em lugar da expressão “de esse”.
e)      A utilização do pronome “que” em início de frase exclamativa.


Como forma de motivação para o estudo do tema "variações linguísticas, o professor levará para a sala cópias do texto O poeta da roça de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino. Foi um poeta analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
Depois de lido o texto acima, os alunos deverão responder às perguntas abaixo:
         Vocês acreditam que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia?
         Reescrevam-na em língua padrão.
         Qual dos textos lhes pareceu mais interessante?

O texto de humor que segue foi veiculado na Internet no ano de 2003. Leia-o e responda as questões porpostas.

Assaltante nordestino:
-ei, bichin...isso é um assalto...arriba os braços e num se bula nem faça mugança...arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! perdão, meu Padim Ciço, mas é que tô com uma fome da molestia...
Assaltante mineiro
-ô sô, prestenção...isso é um assalto, uai...levanta os braço e fica quetim quesse trem na minha mão ta cheio de bala...mió passá logo os trocado que eu num tô bão hoje. vai andando, uai! ta esperando o quê, uai!!
Assaltante gaúcho
-o, guri, ficas atento...bah, isso é um assalto...levanta os braços e te aquietas, tchê! não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. passa as pilas pra cá! e te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
Assaltante carioca
-seguinte bicho... te deu mal. isso é um assalto. passa a grana e levanta os braços rapá...não fica de bobeira que eu atiro bem pra...vai andando e, se olhar pra tras, vira presunto...
Assaltante baiano
-ô, meu rei...(longa pausa) isso é um assalto...(longa pausa) levanta os braços, mas não se avexe não...(longa pausa) se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado...vai passando a grana, bem devagarinho...(longa pausa) num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...não esquenta, meu irmãozinho(longa pausa) vou deixar teus documentos na encruzilhada...
Assaltante paulista
-orra, meu... isso é um assalto, meu...alevanta os braços, meu...passa a grana logo, meu...mais rapido, meu, que ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do corinthias, meu...pô, se manda, meu..

  1. O texto retrata várias cenas de assalto, cada uma delas situada em um Estado ou região diferente do país. A fala do assaltante tem sempre o mesmo conteúdo, enquanto o uso da linguagem e o modo como o assalto é conduzido mudam de uma situação para outra. Identifiquem, em cada uma das cenas, duas palavras ou expressões próprias do:
  1. nordestino:               c. gaúcho:                 d. carioca:
  2. mineiro:                     e. baiano:

  1. Além da linguagem, o texto também revela comportamentos ou hábitos que supostamente caracterizam o povo de diferentes Estados ou regiões. O que caracteriza, por exemplo:
a. o nordestino?                                    b. o baiano?                         c. o paulista?